Falar sobre moda consciente não é falar sobre tendências, modelos, tecidos ou cores. É falar sobre direitos humanos e trabalhistas, economia circular, energia limpa, cuidado com o meio ambiente e com as pessoas. A pergunta #quemfezminhasroupas é um pedido por transparência e a linha mestra do movimento Fashion Revolution.
Cada vez mais pessoas se engajam ao Fashion Revolution. Em 2017, durante a Semana de Revolução da Moda, em todo o mundo, o impacto do movimento nas redes sociais teve 533 milhões de impressões, um crescimento de quase 250% em comparação à edição de 2016.
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E você, tem interesse em saber #quemfezminhasroupas? Em busca de parte dessa resposta, o Fashion Revolution criou o Índice de Transparência da Moda. A iniciativa traz uma análise das 100 maiores marcas e revendedoras globais de moda classificadas de acordo com o quanto elas compartilham sobre suas políticas, práticas e impactos sociais e ambientais.
Atualmente, nenhum consumidor tem informações suficientes sobre onde e como são produzidas as roupas que compra. Os consumidores estão à deriva do direito de saber se as peças que vestem estão livres de exploração, violação de direitos humanos e destruição ambiental. Quando não há informação, não tem como cobrar ou responsabilizar marcas e governantes. O primeiro passo para uma moda consciente é a transparência.
A expectativa é que o Índice de Transparência da Moda inspire a sociedade a pensar de forma diferente sobre as roupas que compra e veste. Que desperte o interesse em pesquisar sobre marcas, como as roupas são feitas, em quais condições e que custo. Que haja interesse em descobrir mais sobre os processos de produção e as pessoas por trás das roupas.
A edição mais recente do Índice de Transparência da Moda foi publicada em outubro de 2017. Este ano, o levantamento será divulgado em outubro. Uma das conclusões da edição do ano passado é que não sabemos o suficiente sobre o impacto que nossas roupas têm sobre as pessoas e sobre o planeta. Mesmo as marcas que conseguiram a melhor pontuação ainda têm um longo caminho em direção à transparência de seus fornecedores, gerenciamento de cadeia de suprimentos e suas práticas de negócios.
A pontuação média de todas as marcas no Índice de Transparência da Moda é 49 de 250, nem 20% de todos os pontos possíveis. A Adidas e a Reebok alcançaram as maiores pontuações com 121,5 de 250 (49% do total de pontos possíveis); seguidas pela Marks & Spencer com 120 pontos e a H&M com 119,5 pontos (48% do total de pontos possíveis).
Somente 8 marcas alcançaram pontuações maiores que 40%, e nenhuma marca pontuou acima de 50%. Três marcas pontuaram zero, não divulgando nada: Dior, Heilan Home e s.Oliver. 32 marcas pontuaram 10% ou menos, revelando um número limitado de políticas e procedimentos.
As marcas pontuaram relativamente bem considerando a divulgação de suas políticas e compromissos. Em relação à publicação de políticas e compromissos, a maior concentração de marcas (16) pontuou entre 71% e 80%, com 11 marcas pontuando acima de 80%, e 15 marcas pontuando menos de 20%.
Para alcançar a mudança é preciso reconhecer três aspectos importantes:
- É um processo
Será uma longa jornada em direção a um modelo de indústria diferente que exige muitas etapas para mudar a maré do fast fashion ou de outros modelos de negócios que não são sustentáveis. A transparência é o primeiro passo e fará com que consumidores, marcas e revendedores, governos e cidadãos da cadeia de suprimentos tomem ações. - Mais informações são necessárias
Muitas pessoas continuam comprando de grandes marcas corporativas, mas querem mais ferramentas para entender como os produtos são feitos, onde, por quem e sob quais condições. - Inclusão é a chave
Milhões de trabalhadores são empregados nas cadeias de suprimento dessas grandes marcas, e é preciso ter cautela para garantir que o futuro da indústria da moda seja capaz de oferecer um trabalho decente, condições de vida sustentáveis, esperança e integridade a todos que trabalham nela, desde a fazenda até a revenda.